Cinquenta e cinco destinos ganharam novos rumos tão logo 2012 começou.
Franciscos e Marias daqui e de rincões brasileiros podem, enfim, olhar o amanhã
com um pouco mais de certeza. Ganharam rim, córnea, coração ou fígado novos.
Deixaram a preocupação para trás.
Agora, atentam aos cuidados do pós-operatório. Seguem o exemplo dos 1.292 de
pacientes transplantados no Ceará ano passado, a segunda Unidade da Federação
com o maior número de procedimentos do País.
Neste ano, até a última terça-feira, 44 córneas, cinco fígados, quatro rins e
dois corações foram implantados em quem aguardava ansiosamente na fila de
espera. Em 2011, no mesmo período, foram 49 cirurgias, conforme a Secretaria da
Saúde do Estado (Sesa).
Dez unidades realizam as operações no Ceará. Recordes são batidos há cinco
anos consecutivos. “Em 2011, o que ajudou bastante foi a educação da população e
dos profissionais da saúde. A educação faz a diferença nessa área”, frisa a
coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Barbosa.
Para manter os índices crescendo por aqui, ela prevê mais cursos de
capacitação para servidores, além de campanhas de conscientização. Assim,
tenta-se evitar os dois maiores empecilhos da doação de órgãos e tecidos: a
negativa familiar e a parada cardíaca antes de o protocolo de morte encefálica
ser fechado. Quando isso acontece, apenas tecidos são aproveitados.
O grande número de procedimentos no Ceará atrai pacientes do resto do
Nordeste, do Norte e até do Centro-Oeste do Brasil. “O Ceará se tornou
referência, mas o correto é cada estado, como gestor e participante do SUS
(Sistema Único de Saúde), se desenvolver”, pontua Eliana. Nos leitos dos nossos
hospitais transplantadores, é comum encontrar gente de fora. É Manaus, Piauí,
Maranhão, Pernambuco... “Não é o ideal, até porque o paciente fica longe da
família. Além disso, acaba tendo custo para o estado”, pondera.
Elas já foram idealizadas, propostas e até autorizadas pelo Ministério da
Saúde mais de um ano atrás. No entanto, ainda não funcionam por completo.
Batizadas de Organizações à Procura de Órgãos (OPOs), devem ter 100% de atuação
até dezembro. Por ora, funciona apenas em Sobral. Em Juazeiro do Norte, inicia
as atividades em fevereiro. A promessa é de aumento na captação de doadores e
transplantes com a chegada desse reforço de médicos, enfermeiros e assistentes
sociais.
Instituto José Frota (IJF) e Hospital Geral de Fortaleza (HGF) também
receberão profissionais. A novidade foi divulgada com exclusividade pelo O POVO
em 18 de julho do ano passado. “Estamos fechando a logística dessas duas
unidades. Esse é o nosso grande desafio, junto com o zerar a espera por córnea”,
justifica Eliana.
ENTENDA A NOTÍCIA
A doação de órgãos e tecidos ainda esbarra na ignorância popular. Às vezes,
em crenças e mitos. Com isso, muitos pacientes deixam de receber a chance de uma
nova viva. Campanhas educativas são fundamentais.
SERVIÇO
Mais informações sobre transplantes e doação de medula óssea:
Saiba mais
Realizam transplantes no Ceará as seguintes unidades: Hospital de Messejana,
Hospital Geral de Fortaleza, Hospital Universitário Walter Cantídio, Santa Casa
de Sobral, Hospital Santo Inácio, Instituto dos Cegos do Ceará (Hospital Alberto
Baquit), Hospital de Olhos Leiria de Andrade, Hospital São Francisco, Clínica
Neuza Rocha e Prontoclínica.
Em 2010, o Ceará realizou 875 transplantes; em 2011, 1.292.
Bruno de Castro
brunobrito@opovo.com.br
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