quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ceará já contabiliza 55 procedimentos e quer bater recorde em 2012


  • Número de transplantes já é maior que em 2011 (FOTO: MAURI MELO)

Cinquenta e cinco destinos ganharam novos rumos tão logo 2012 começou. Franciscos e Marias daqui e de rincões brasileiros podem, enfim, olhar o amanhã com um pouco mais de certeza. Ganharam rim, córnea, coração ou fígado novos. Deixaram a preocupação para trás.
Agora, atentam aos cuidados do pós-operatório. Seguem o exemplo dos 1.292 de pacientes transplantados no Ceará ano passado, a segunda Unidade da Federação com o maior número de procedimentos do País.
Neste ano, até a última terça-feira, 44 córneas, cinco fígados, quatro rins e dois corações foram implantados em quem aguardava ansiosamente na fila de espera. Em 2011, no mesmo período, foram 49 cirurgias, conforme a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Dez unidades realizam as operações no Ceará. Recordes são batidos há cinco anos consecutivos. “Em 2011, o que ajudou bastante foi a educação da população e dos profissionais da saúde. A educação faz a diferença nessa área”, frisa a coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Barbosa.
Para manter os índices crescendo por aqui, ela prevê mais cursos de capacitação para servidores, além de campanhas de conscientização. Assim, tenta-se evitar os dois maiores empecilhos da doação de órgãos e tecidos: a negativa familiar e a parada cardíaca antes de o protocolo de morte encefálica ser fechado. Quando isso acontece, apenas tecidos são aproveitados.
O grande número de procedimentos no Ceará atrai pacientes do resto do Nordeste, do Norte e até do Centro-Oeste do Brasil. “O Ceará se tornou referência, mas o correto é cada estado, como gestor e participante do SUS (Sistema Único de Saúde), se desenvolver”, pontua Eliana. Nos leitos dos nossos hospitais transplantadores, é comum encontrar gente de fora. É Manaus, Piauí, Maranhão, Pernambuco... “Não é o ideal, até porque o paciente fica longe da família. Além disso, acaba tendo custo para o estado”, pondera.
Elas já foram idealizadas, propostas e até autorizadas pelo Ministério da Saúde mais de um ano atrás. No entanto, ainda não funcionam por completo. Batizadas de Organizações à Procura de Órgãos (OPOs), devem ter 100% de atuação até dezembro. Por ora, funciona apenas em Sobral. Em Juazeiro do Norte, inicia as atividades em fevereiro. A promessa é de aumento na captação de doadores e transplantes com a chegada desse reforço de médicos, enfermeiros e assistentes sociais.

Instituto José Frota (IJF) e Hospital Geral de Fortaleza (HGF) também receberão profissionais. A novidade foi divulgada com exclusividade pelo O POVO em 18 de julho do ano passado. “Estamos fechando a logística dessas duas unidades. Esse é o nosso grande desafio, junto com o zerar a espera por córnea”, justifica Eliana.

ENTENDA A NOTÍCIA
A doação de órgãos e tecidos ainda esbarra na ignorância popular. Às vezes, em crenças e mitos. Com isso, muitos pacientes deixam de receber a chance de uma nova viva. Campanhas educativas são fundamentais.
SERVIÇO 
Mais informações sobre transplantes e doação de medula óssea:

Saiba mais
Realizam transplantes no Ceará as seguintes unidades: Hospital de Messejana, Hospital Geral de Fortaleza, Hospital Universitário Walter Cantídio, Santa Casa de Sobral, Hospital Santo Inácio, Instituto dos Cegos do Ceará (Hospital Alberto Baquit), Hospital de Olhos Leiria de Andrade, Hospital São Francisco, Clínica Neuza Rocha e Prontoclínica.
Em 2010, o Ceará realizou 875 transplantes; em 2011, 1.292.

Bruno de Castro 
brunobrito@opovo.com.br

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