terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Aluna de escola pública é 1º lugar


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Jéssyca Fiúza Souza, 16, conta que dedicava todo o seu dia às matérias do Enem. 'Era dia, tarde e noite estudando', relembra 

Aos cinco anos de idade, a estudante Jéssyca Fiúza Sousa, 16, já demonstrava uma grande paixão pela leitura. Descobriu o mundo das palavras sozinha, sem precisar de alguém ao seu lado para dizer que ler é bom. Aprendeu a viajar nas histórias dos livros, as experiências foram incríveis e inspiradoras. Por isso, a menina nem esperou virar adolescente para decidir o que seria: professora e escritora.
Hoje, a aluna do Colégio Estadual Presidente Humberto Castelo Branco, no Montese, pode dizer que está mais próxima de seu sonho. Vai entrar na faculdade de Letras. Passou em primeiro lugar na Universidade Federal do Ceará (UFC), algo que ainda deixa surpresa a sociedade, acostumada a ver no topo aqueles que estudaram a vida inteira em instituições particulares.
Infelizmente, Jéssyca faz parte da exceção, e não da regra. Ela recorda que, assim como milhares de alunos da rede estadual, teve de enfrentar, em 2011, longos 63 dias sem aulas devido à greve dos professores. No entanto, acredita que basta o aluno de escola pública ter força de vontade para se superar, apesar das dificuldades que enfrentam.
"O aluno precisa se esforçar para conseguir qualquer resultado positivo, seja ele de escola pública ou particular. Caso dependa só da escola e não estude em casa, não chega a lugar nenhum", destaca Jéssyca, acrescentando que dedicava o dia todo às várias matérias. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) era o foco. "Era dia, tarde e noite estudando", revela.
A garota não segurou as lágrimas quando soube que havia sido selecionada para a UFC já na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O fato de ter sido o primeiro lugar, então, deixou Jéssyca ainda mais emocionada. Para descrever o momento, a jovem se limita a uma palavra: paradoxo.
"Fiquei emocionada quando vi meu nome na tela do computador, não sabia o que falar e me perguntei: eu entrei no curso de Letras, no universo das palavras, e estou sem palavras para descrever o que estou sentindo agora?", relembra, sorrindo, a aluna do 3º ano do Ensino Médio.
De acordo com o diretor do Colégio Estadual Presidente Humberto Castelo Branco, Gutemberg Nobre, o caso de Jéssyca serve de estímulo para os demais estudantes de escolas públicas. Porém, destaca que existem alguns fatores que desestimulam esses alunos. "Muitos não podem se dedicar exclusivamente aos estudos, porque trabalham e, geralmente, não têm o apoio dos pais", fala.

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