Jéssyca Fiúza Souza, 16, conta que dedicava todo o seu
dia às matérias do Enem. 'Era dia, tarde e noite estudando', relembra
Aos cinco anos de idade, a estudante
Jéssyca Fiúza Sousa, 16, já demonstrava uma grande paixão pela leitura.
Descobriu o mundo das palavras sozinha, sem precisar de alguém ao seu lado para
dizer que ler é bom. Aprendeu a viajar nas histórias dos livros, as experiências
foram incríveis e inspiradoras. Por isso, a menina nem esperou virar adolescente
para decidir o que seria: professora e escritora.
Hoje, a aluna do
Colégio Estadual Presidente Humberto Castelo Branco, no Montese, pode dizer que
está mais próxima de seu sonho. Vai entrar na faculdade de Letras. Passou em
primeiro lugar na Universidade Federal do Ceará (UFC), algo que ainda deixa
surpresa a sociedade, acostumada a ver no topo aqueles que estudaram a vida
inteira em instituições particulares.
Infelizmente, Jéssyca faz parte da
exceção, e não da regra. Ela recorda que, assim como milhares de alunos da rede
estadual, teve de enfrentar, em 2011, longos 63 dias sem aulas devido à greve
dos professores. No entanto, acredita que basta o aluno de escola pública ter
força de vontade para se superar, apesar das dificuldades que
enfrentam.
"O aluno precisa se esforçar para conseguir qualquer resultado
positivo, seja ele de escola pública ou particular. Caso dependa só da escola e
não estude em casa, não chega a lugar nenhum", destaca Jéssyca, acrescentando
que dedicava o dia todo às várias matérias. O Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) era o foco. "Era dia, tarde e noite estudando", revela.
A garota
não segurou as lágrimas quando soube que havia sido selecionada para a UFC já na
primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O fato de ter sido o
primeiro lugar, então, deixou Jéssyca ainda mais emocionada. Para descrever o
momento, a jovem se limita a uma palavra: paradoxo.
"Fiquei emocionada
quando vi meu nome na tela do computador, não sabia o que falar e me perguntei:
eu entrei no curso de Letras, no universo das palavras, e estou sem palavras
para descrever o que estou sentindo agora?", relembra, sorrindo, a aluna do 3º
ano do Ensino Médio.
De acordo com o diretor do Colégio Estadual
Presidente Humberto Castelo Branco, Gutemberg Nobre, o caso de Jéssyca serve de
estímulo para os demais estudantes de escolas públicas. Porém, destaca que
existem alguns fatores que desestimulam esses alunos. "Muitos não podem se
dedicar exclusivamente aos estudos, porque trabalham e, geralmente, não têm o
apoio dos pais", fala.
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