terça-feira, 9 de outubro de 2012


Há 71% mais motos do que habilitados



Apenas 53 municípios do Interior têm fiscalização no trânsito, o que é uma das causas do problema
Cícero Marcelo dos Santos, 30 anos, condutor de uma motocicleta, morreu em uma colisão com um caminhão no Km 153 da CE-292, na Chapada do Araripe, a 596 Km de Fortaleza. A vítima não era habilitada e estava sem capacete. Já no município de Ipu, distante 257 Km da Capital, o motociclista Antônio Araújo, 25, faleceu ao chocar-se contra um poste. A vítima, que morreu no local, estava sem capacete e sem carteira.


A Carteira Nacional de Habilitação Popular, projeto lançado em 2009, é uma das apostas do Detran para amenizar a situação no Ceará FOTO: RODRIGO CARVALHO
Os dois acidentes, que aconteceram no último dia 25 de setembro, são apenas alguns resultados da falta de municipalização do trânsito, que gera um grande número de motociclistas circulando sem habilitação no Interior do Ceará. O número de motos cadastradas no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/CE) ultrapassa 71% a quantidade de motoristas capacitados a conduzi-las.

Segundo o órgão, são 408.050 condutores habilitados para 701.337 veículos de duas rodas, somente no Interior. Uma situação, que segundo o comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), coronel Túlio Studart, é mantida e tende a piorar devido à ausência da municipalização do trânsito em algumas cidades do Interior. Conforme ele, dos 184 municípios no Estado, apenas 53 são municipalizados.
De acordo com Túlio Studart, apesar de ser lei, muitos gestores alegam que o município não possui recurso para investir na capacitação e na implantação de um órgão fiscalizador do trânsito. "Dos 53 municípios, apenas dez, de fato, fiscalizam o trânsito ao pé da letra. Porém, oficialmente, temos 131 municípios que não têm nenhum tipo de fiscalização. O descumprimento da lei provoca a perda de muitas vidas", analisa.
Para o comandante da PRE, esse déficit resulta no aumento do número de acidentes, de vidas perdidas e gastos na saúde, que envolvem não só recurso municipais, mas estaduais e federais. "Para o poder público, um acidente tem vários gastos, como por exemplo, deslocamento de viaturas, perícia, ambulância e o deslocamento dos feridos para hospitais na Capital. Tudo isso é gasto do poder público e está prejudicando a gestão como um todo", lamenta.

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