quinta-feira, 30 de agosto de 2012



49% dos jovens ingerem bebidas



Pesquisa aponta que, em Fortaleza, as mulheres consomem mais álcool do que os homens
A morte por coma alcoólico de Natália Regiele Tabosa, de 21 anos, alerta para uma situação grave na Capital cearense: 49,4% dos jovens possuem o hábito de tomar bebida alcoólica desde os 14 anos. O dado faz parte da pesquisa "Retratos de Fortaleza Jovem", realizada pela Prefeitura em parceria com o Instituto da Juventude Contemporânea (IJC).


Segundo a Prefeitura, 21% dos usuários de álcool atendidos nos Caps AD estão entre 20 e 29 anos. Destes, 60,7% também fumam Foto: Tuno Vieira

A pesquisa ouviu 1.734 sujeitos e foi distribuída pelos bairros em função da proporção de jovens do sexo masculino e feminino, nas faixas de idade de 15 a 19 anos, de 20 a 24 anos e de 25 a 29 anos. O trabalho foi realizado há quatro anos, mas, de acordo com o poder público municipal, ainda traduz a realidade.

Outro dado que chama atenção é o percentual de mulheres frequentadoras de bares e restaurantes da Capital e que gostam de tomar bebidas alcoólicas. Do total de entrevistadas, 65,8% tomaram seu primeiro gole entre os 15 e 24 anos, contra 55,3% dos homens da mesma faixa etária. Dos 20 aos 24 anos, elas também são maioria, com 49,5% contra 33,6% deles. Na casa dos 25 aos 29 anos, a proporção também é grande: 59,4 (mulheres) e 33,6% (homens).

É ilegal vender bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. O titular da Coordenadoria da Infância e Juventude, desembargador Francisco Suenon Bastos Mota, afirma que a fiscalização em bares, restaurantes e casas de shows é feita semanalmente.

Ao todo, são 150 agentes voluntários, organizados em grupos de trabalho, que fazem a busca especialmente durante os fins de semana.

A coordenadora de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Rane Félix, informa que a Prefeitura, a partir dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), fez outra pesquisa sobre o assunto.

De acordo com o estudo, 88,6 dos 12,5 mil pacientes atendidos no Caps AD (Álcool e outras Drogas) são usuários de álcool. Desse universo, 21% estão entre 20 e 29 anos de idade. Do total, 60,7% bebem e fumam e 34,8% ingerem bebidas alcoólicas associadas com o crack.

Segundo o sociólogo Paulo Campos Júnior, os dados são preocupantes, porque a ingestão de álcool nesta faixa etária pode causar sérios danos. "A adolescência é a fase final da maturação do organismo. O uso de substâncias psicoativas podem levar à morte de neurônios pela toxicidade", analisa.

Euforia

A estudante Maria Santos (nome fictício), de 21 anos, diz que bebe para ficar mais "desinibida para as paqueras".

Sobre a questão, a psicóloga Tereza Sampaio avalia que quem começa a beber ainda jovem acredita que, quanto mais consumir bebidas, mais alegre e relaxado vai ficar. "No entanto, não é isso que acontece. O álcool é uma substância que não obedece à lógica simples de quanto mais melhor", ressalta.

Os efeitos das bebidas alcoólicas acontecem em duas fases. Na primeira delas, o álcool age como um estimulante e deixa a pessoa eufórica, mas, à medida que as doses vão aumentando, passa-se à segunda fase, na qual começam a surgir os efeitos depressores do álcool, levando à diminuição da coordenação motora, dos reflexos e à sonolência.

FIQUE POR DENTRO
Coma alcoólico teria matado Natália Regiele
Natália Regiele, 21 anos, foi encontrada morta em um apartamento na Avenida Abolição no dia 29 de julho desse ano. O laudo cadavérico apontou como causa de morte uma parada respiratória em razão de intoxicação química por ingestão de álcool. O documento descartou sinais de violência e indicou, ainda, a ausência de substâncias entorpecentes.

Rena Gomes Moura, responsável pelo caso, considera a possibilidade de três crimes: negligência por falta de socorro, homicídio culposo e estupro de vulnerável.

Hábito de fumar também preocupa
Não só o uso do álcool chama a atenção dos especialistas em saúde pública. Segundo a pesquisa "Retratos de Fortaleza Jovem", 14,5% dos 1.734 entrevistados têm o hábito de fumar tabaco. Desse total, 25% começaram a partir dos 13 anos de idade. Outros 28,6% usam cigarro comum desde os 14 e 15 anos, e 21,6% iniciaram aos 16 e 17 anos.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a promoção e o marketing de produtos derivados do tabaco junto ao público jovem são essenciais para que a indústria do fumo consiga manter e expandir suas vendas.

Ainda de acordo com o órgão, o tabaco é a segunda droga mais consumida entre os jovens, no mundo e no Brasil, e isso se deve às facilidades e estímulos para obtenção do produto, entre eles o baixo custo. A isto, somam-se a promoção e publicidade.

Iniciativa

No Ceará, ontem, Dia Mundial de Combate ao Fumo, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), promoveu ação para alertar consumidores de shoppings para os males do cigarro. O objetivo é informar que o cigarro contém mais de 4.700 substâncias. Muitas delas utilizadas em produtos e situações que os fumantes jamais imaginariam. É o caso da naftalina, que mata baratas, e é uma das substâncias contidas no cigarro.

Para chamar a atenção dos consumidores, os educadores em saúde da Sesa farão exposição de frascos gigantes contendo as substâncias usadas na produção dos cigarros que trazem prejuízos à saúde e à qualidade de vida da população. Os educadores em saúde realizarão ainda exames para medir a quantidade de monóxido de carbono - gás presente nos escapamentos dos carros - nos pulmões. Afeta quem traga e quem respira a fumaça, substituindo o oxigênio na corrente sanguínea.

Com a ideia de promover saúde e de prevenir o tabagismo, despertando interesse para hábitos saudáveis, os educadores farão, também, apresentação de frutas com os poderes de cada uma no bem-estar, seguida de distribuição.

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